A comunicação na Sociedade da Informação: A partir dos Pensamentos de José Saramago
- cleitonvalquer
- 14 de dez. de 2020
- 4 min de leitura
A comunicação tem se desenvolvido rapidamente com a implementação das Tics e, como foi absolvida pelas sociedades, tornando assim como conhecemos a Sociedade da Informação. Entretanto, o conceito deve ser atribuído a aquelas cidades que chegaram a um nível de estruturação e estabilidade comunicacional concreta como o autor afirma.
A expressão “sociedade da informação”, no singular, seria melhor utilizada, numa dimensão global (ou mundial), para identificar os setores sociais, independente de sua ubiquação local, que participam ‘como atores de processos produtivos, de comunicação, políticos e culturais que têm como instrumento fundamental as TIC [tecnologias de informação e comunicação] e se produzem – ou tendem a produzir-se – em âmbito mundial’ (Agudo Guevara, 2000, pp.4 apud BOTTREL,2018).
Esse problema das Tecnologias da Comunicação torna se perceptível em países em desenvolvimento, pois com a desigualdade de renda é exorbitante, conduzindo a sociedade a uma estratificação de indivíduos com a acesso a informação podendo utilizar as Tics e os quem possuem uma renda somente para a sobrevivência , não tendo acesso à informação. Como afirma o relatório da ONU:
[...] o impacto que a desigualdade econômica tem gerado também sobre o acesso a tecnologias da informação e comunicação (TICs), com destaque para a banda larga fixa. Segundo dados da entidade, quase 87% da população de países desenvolvidos já possuí acesso à Internet, contra apenas 19% nos países em desenvolvimento. (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS,2020).
A partir dessa ideia podemos pensar como será o futuro de uma sociedade desigual como fica a distribuição de renda para compra e utilização dessas Tics.
Segundo o estudo, as pessoas que ocupam o 1% no topo da pirâmide de rendimentos são as mais beneficiadas. Entre 1990 e 2015, a porcentagem de riqueza global acumulada por essas pessoas aumentou. No outro extremo, as pessoas que ocupam os 40% mais baixos da pirâmide de rendimentos ganham menos de 25% de toda a riqueza produzida anualmente, aumentando a desigualdade a cada ano. (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS,2020)
Entretanto o direito a comunicação existe desde o ano 1789 com os direitos ao Homem e cidadão na Revolução Francesa no artigo 11:
“A livre comunicação dos pensamentos e das opiniões é um dos mais preciosos direitos do homem; todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente, respondendo pelo abuso dessa liberdade nos casos determinados pela lei”. (MATTELART,2009)
A partir disso a ONU determina que os países tenham uma política pública de acesso à informação uma e uma Comunicação pública, contudo a carência de políticas públicas em países em desenvolvimento afeta diretamente a população que fica "refém" dos grandes empórios da comunicação, controlando a tv, jornais e revista e rádios. Como exemplifica o vídeo" Júlio quer saber”, a partir disso afirma o relatório da ONU sobre a ideia ou o ideal da comunicação.
“O relatório da comissão MacBride, criada em 1977 pelo diretor-geral da Unesco, endossa e insiste no fato de que não há possibilidade de um direito à comunicação sem políticas públicas de comunicação e de cultura. Um está intimamente ligado à outra. Uma dá significado ao outro”. (MATTELART,2009).
O relatório também evidenciou a desigualdade em diversos países como a África onde 60% das pessoas entre 15 e 24 anos não têm acesso à internet; na Europa, essa porcentagem cai para 4%. Os países em que crianças e adolescentes têm menos acesso estão no continente africano. A digitalização também é limitada em áreas de conflito armado deflagrado ou recente, como Iêmen, Iraque e Afeganistão. Foi encontrada uma grande lacuna entre as áreas urbanas e rurais no acesso à banda larga em muitos países em desenvolvimento. Enquanto o uso de banda larga em capitais da Índia, Quirguistão e Moldávia é tão alta quanto em países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o acesso de banda larga nas áreas rurais desses três países está entre os mais baixos do mundo.
No cenário Brasileiro o acesso à informação pública é um direito previsto na Constituição Federal de 1988 e que foi regulamentado com a Lei de Acesso à Informação (LAI), publicada a 18 de novembro de 2011, com o início da vigência em maio de 2012. Esta lei abrange todos os Poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário – e níveis de governo – Federal, Estadual e Municipal, incluindo o Distrito Federal. A LAI estabelece que a regra é o acesso, e o sigilo, é a exceção, como nos casos das informações pessoais ou daquelas informações que estão relacionadas com a segurança nacional. (BOTTREL,2018). No Brasil e no mundo, assim como a Comunicação Pública, o direito de Acesso à informação é perpassado por diversas questões, incluindo fatores culturais, identitários nacionais e desigualdade na distribuição de renda.
Nesse sentido surgem a necessidade de investimentos no acesso à informação de confiabilidade, ou seja, informações comprovadas cientificamente que contribuam para a cultura da sociedade. Como afirma a autora sobre investimentos na cultura são necessários e imprescindíveis. “Nesse sentido, se não pode haver políticas de Comunicação sem políticas culturais, não pode haver, tampouco, mais políticas de Comunicação e de cultura sem políticas de conhecimento”. (MATTELART,2009).
Fica claro, portanto, que a Comunicação é um direito para todo e com a vinda das tecnologias, haja uma maior comunicação por parte da sociedade, contribuindo em discussões políticas, sobre licitações de instalações de empresas de mídias na sociedade com consulta popular, e disseminar uma informação confiável, científica e justificada.
Como disse o secretário geral da ONU para diminuir as desigualdades:
“"ser aproveitadas para criar um mundo mais igualitário e sustentável." Para António Guterres, tanto os governos como as organizações internacionais têm um papel a desempenhar”. (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS,2020)
A partir do discorrido, podemos observar que a falta de incentivos por parte dos políticos, falta de investimentos em cultura favorecem uma distribuição de renda não igualitária, levando a desigualdade para acesso à informação pela Tics, mas podemos mudar esse cenário cobrando as medidas nas políticas de informação, comunicação pública e informações verdadeiras .
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